sábado, 16 de junho de 2007

Da janela do meu apartamento

Da janela do meu apartamento, tenho por espetáculo a vida dos moradores do prédio em frente. Coisa banal em cidade grande. Convivemos com pessoas cujos nomes desconhecemos. Mas conhecemos seus hábitos diários. Sabemos a que horas chegam, a que horas saem. Quando estão acordadas, quando vão dormir. Sabemos se estão felizes ou tristes. O que comem. Como se vestem. Sabemos os seus gostos. Se almoçaram ou fizeram apenas um lanche. Sabemos tudo e não sabemos nada ao mesmo tempo. É um convívio forçado. Não escolhemos nossos vizinhos. Podemos dar a sorte de morar em frente a um senhor de idade viúvo. Silencioso. Não recebe visitas. Sua existência é quase imperceptível. Só o vemos na rua com o cachorrinho. Podemos ter o azar de morar em frente a um baterista. Um inferno. Dias sem tranqüilidade. Noites de insônia. Incontáveis amigos dele vêm beber e se drogar madrugada adentro. Mas, qualquer que seja o vizinho, aprendemos a odiá-lo por algum motivo. Há algo nele que nos irrita profundamente. Fecha a janela com violência. Ouve música alto demais. Talvez o que incomode mais seja o simples fato de ele existir. Ou, por outro lado, talvez seja o fato de darmos muita importância a existência dele. De notarmos que ele existe. De sua existência despertar nossa curiosidade.

3 comentários:

*Um Momento* disse...

Olá
Quero felicitar-te pelo teu espaço
Um sorriso de e por este MOmento(",)

Ernesto Cruz disse...

parabens, gostei de ler

Anônimo disse...

Por que nao:)